Educação sem racismo: um compromisso de pais e professores

A discriminação racial está entre as mazelas mais perigosas e vergonhosas de nossa sociedade. Há quem diga que ela não existe, mas as estatísticas denunciam os fatos. Os negros são as principais vítimas de assassinato no Brasil, correspondendo a 75,7% dos casos. Estima-se que a igualdade salarial entre pretos e brancos só chegue à paridade em 2089. Enquanto isso, há um abismo que os separa dentro do mercado de trabalho.

Neste dia 21 de março, Dia Internacional contra a Discriminação Racial, poderíamos trazer uma estatística para cada linha deste texto a fim de mostrar o tamanho do problema. Entretanto, no momento, o que nos interessa aqui é questionar: qual sua responsabilidade frente a esses dados?

O primeiro erro é se esquivar da responsabilidade. Todos nós ocupamos um espaço historicamente colocado dentro de uma sociedade estruturada – de maneira desigual – racialmente. Sendo assim, qual é o lugar que você ocupa? E o que você pode fazer para que haja mais equidade? Há imensos exemplos de atitudes que podemos adotar e praticar em prol de uma comunidade mais justa. Todavia, hoje vamos nos concentrar nas práticas educacionais.

Frente a desigualdade racial, todos nós podemos ser agentes de combate, mas a figura do educador desponta como uma das principais. Nas mãos de pais e professores, está o futuro. E o que você puder fazer para que esse futuro seja melhor do que o presente, faça.

A Educação Adventista se compromete a fazer sua parte e qualifica seus profissionais para lidarem com a diversidade, ensinando seus alunos a fazerem o mesmo uns com os outros. Em nossa prática pedagógica, valorizamos e aplicamos princípios como inclusão, empatia e respeito.

Conselhos da Unicef

A Convenção sobre os Direitos das Crianças (Unicef) também se preocupa com essas questões e lançou uma campanha por uma infância sem racismo. A entidade elenca dez conselhos sobre a problemática a fim de contribuir para o fomento de uma sociedade tão diversa quanto justa.

Este texto se debruça sobre os conselhos da Unicef para dar algumas dicas aos educadores no que tange a construção de um presente e um futuro melhor para todos, adultos e crianças, pretos e brancos. Acompanhe:

1 – Ensine aos seus alunos ou filhos que há beleza na diversidade. Ela deve ser admirada, bem como respeitada. Aliás, o respeito é um dos pressupostos básicos para a sobrevivência e o crescimento da humanidade;

2 – Estimule o convívio entre as crianças de origens, culturas, raças, etnias e classes diferentes. E mais do que conviver, faz-se necessário estimular a harmonia e a empatia dentro dessa convivência;

3 – Nenhum ambiente é mais propício para a convivência entre crianças diferentes do que a escola. Diante desse fato, reforçamos a relevância do professor para a formação de cidadãos conscientes e respeitosos;

4 – Seja em um ambiente escolar ou em qualquer outro, os educadores jamais devem ser omissos a quaisquer situações de racismo. Posicione-se sempre, para que as crianças sigam seu exemplo. Elas aprendem muito ao observar os adultos;

5 – E lá vai a última dica: ao contar sobre a história do nosso país para os pequenos, seja em sala de aula ou dentro de casa, considere as perspectivas de todos os povos que nos formaram como nação. Precisamos descentralizar as narrativas e incluir aqueles que foram historicamente excluídos, como os indígenas que foram roubados e os pretos que foram escravizados. O intuito aqui é falar abertamente sobre o passado para mudar o presente e construir o tão sonhado futuro melhor.

O papel do educador

Talvez você ainda esteja se perguntando sobre a relevância de sua atuação diante dessa questão que é muito maior do que nossas existências individuais, mas nunca se esqueça que há futuros adultos olhando para você. Já refletiu sobre o tamanho dessa responsabilidade? E sobre o peso de suas atitudes? Como rede educacional, refletimos e pensamos sobre tudo isso, criticamente e constantemente.

Nossos antepassados erraram ou sofreram muito. E, cabe a nós, daqui para frente, lutar para combater a discriminação racial, sobretudo oferecendo uma educação capaz de formar crianças e adolescentes conscientes do seu papel em nossa sociedade.

Fontes de dados: Atlas da Violência 2020, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

Relatório “A Distância que nos Une”, organizado por Oxfam Brasil

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