Quem descobriu o Brasil?

O 22 de abril lembra a chegada dos portugueses ao território do Brasil, iniciando um processo de colonização que atravessaria os séculos seguintes com muita exploração, extermínio da população original, escravidão e inúmeros episódios traumáticos da nossa história. É claro que esse passado é responsável pelo Brasil que conhecemos hoje com a sua pluralidade, mas isso não impede de olharmos para ele com uma visão crítica, buscando encontrar algumas realidades que não são escritas pela história formal e, muitas vezes, nos impedem de refletir sobre desigualdades e injustiças que perduram até hoje.

O nome que marca a data é um pouco irônico: Descobrimento do Brasil. Como assim “descobrimento”? Só se descobre algo que nunca antes foi conhecido ou explorado. Definitivamente não era o caso do território brasileiro. Pesquisadores estimam que, nessa época (antes de 1500), habitavam até 5 milhões de pessoas pertencentes a diversas etnias de povos indígenas. E, dentro dos inúmeros equívocos históricos que carregamos, não eram grupos com culturas homogêneas. Tinham diferentes costumes, línguas (ou dialetos), técnicas, religiões, hierarquias. Enfim, uma miscelânea cultural muito anterior ao desembarque da Europa por aqui.

Por isso, muitos historiadores já preferem ajustar a nomenclatura de “descobrimento” para “invasão”. E, se observarmos bem os bastidores desse processo, não é tão irrazoável considerar tal termo, já que foi um processo desleal de domínio forçado de uma terra que não pertencia aos portugueses. E foi forçado, pois todos sabemos como funcionavam as “negociações” realizadas pelos colonizadores. Trocavam objetos banais por matérias-primas valiosas, ou mesmo se utilizavam de poder bélico para massacrar e dominar os indígenas que aqui viviam (que viviam em uma sociedade que ainda não dominava técnicas com armas de fogo).

Foi desta forma que a colonização europeia se fincou no Brasil. Hoje sequer sabemos ao certo quanto da população original foi dizimada por esse projeto institucionalizado por aqui. Séculos depois, podemos colocar nossa história em perspectiva com a atualidade. Segundo dados do último Censo do IBGE, a realidade contemporânea mostra uma população indígena muito reduzida, com menos de 1 milhão de pessoas.. Esses brasileiros atravessaram os séculos resistindo a inúmeras adversidades e, até hoje, ainda sofrem com ataques, projetos de retirada de terras e acesso à assistências básicas.

Nesse dia que comemoramos 520 anos do início do projeto de “nação brasileira” aos moldes ocidentais, é importante ponderarmos esse prisma da história, para que ela se mantenha viva. Possuir o mínimo de repertório é fundamental para criação de uma consciência mais razoável sobre os personagens e episódios envolvidos na construção deste país. Uma nação plural, miscigenada, diversa, com uma cultura riquíssima e um território enorme que, vale lembrar, foi primeiramente habitado pelos povos indígenas, a quem devemos DNA, respeito e reconhecimento.

A Educação Adventista acredita que uma formação completa se faz observando os diferentes prismas de uma história. Que as reflexões trazidas por esse 22 de abril promovam na atualidade ações práticas para a nossa consciência patriótica que caminhem, de fato, para muito além do ensino.

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