Por Jéssica Veloso Martins
Via https://noticias.adventistas.org/
_________________________________________
Mais de 30 pessoas são internadas diariamente no Brasil devido a tentativas de suicídio, conforme dados da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). Diante desse cenário, diversas campanhas têm sido realizadas no país no mês de setembro para conscientização sobre depressão e prevenção do suicídio. O colégio IABC também tratou o assunto com os estudantes e funcionários da instituição.
A iniciativa abriu espaço para o diálogo sobre emoções e incentivou a empatia entre os participantes.
Sue Oros, psicóloga do colégio, explicou: “Nós somos um grupo muito grande e a gente precisa ser sensível e olhar para o outro, reparar o comportamento do outro, perceber se está precisando de alguma ajuda.”
Ela acrescentou que a depressão muitas vezes não é visível: “A depressão geralmente não tem um rosto, a depressão canta no coral, a depressão está envolvida nos projetos, a depressão muitas vezes está do nosso lado e todos precisam ser sensíveis para reparar e prontos para ajudar. Se a gente se cuidar como grupo fica muito mais fácil prevenir e tratar a depressão.”
Sue também destacou a importância de pequenos gestos: “Pesquisas mostram que muitas pessoas desistiram do suicídio a partir de um abraço que receberam, de uma ligação, de um ‘eu me importo com você, eu me preocupo’. Então a ideia era gerar empatia e trazer essa reflexão de que se eu estou sendo cuidada pelo outro a vida ainda vale a pena”, afirma Oros.
Luciara Barros, veio da Bahia para Goiás, e trabalha há três anos no colégio. Ela compartilhou sua experiência pessoal com a depressão e pensamentos suicidas na adolescência. “Eu gostei demais do projeto, porque eu sei como é importante, porque eu passei por isso, tive depressão praticamente a minha adolescência toda e passei por essa fase de querer tirar a própria vida, por não achar sentido mais na vida e por não conseguir me expressar, por não conseguir desabafar com ninguém”, afirmou a colaboradora.
“Eu não tinha afeto e carinho em casa, não tinha um vínculo com ninguém muito próximo para desabafar, até que finalmente eu encontrei, conheci uma pessoa muito especial na escola, uma amiga que até hoje a gente tem contato e foi o que realmente resolveu meu problema. Ela me apresentou Jesus e eu soube que alguém me amava, que Jesus morreu por mim”, destacou Barros.
Luciara também ressaltou a importância de conversar e apoiar outras pessoas: “É muito importante falar sobre esse assunto, porque a gente tem contato com muitas pessoas durante o dia e a gente não sabe como está sendo o dia dela. E às vezes uma palavra, que alguém fala para você, um elogio ou um abraço muda o seu dia. Pode surgir aí uma grande amizade e isso mudar sua vida, como foi comigo.” Hoje, ela afirma que buscar a Deus, ter boas amizades e fazer terapia foram decisivos para sua transformação.
O estudante Henrique Couto também comentou sobre a participação na campanha, destacando como o projeto ajuda a comunicação entre os jovens: “Eu achei que essa iniciativa do colégio foi muito boa, porque às vezes tem pessoas que pensam em se expressar, só que acabam não se expressando por medo, até mesmo por receio de ninguém ligar. Porém, é muito importante quando a gente incentiva os jovens que estão sofrendo sozinhos, ou os que guardam tudo para si, a falar com outras pessoas, a se comunicar e se expressar mais.”
Henrique ainda ressaltou os efeitos positivos para aqueles que não enfrentam problemas diretamente, mas podem apoiar os outros. “Tem também as pessoas que não passam por isso, mas que começam a pensar nisso um pouco mais, e podem ajudar outras pessoas, olhar mais para o próximo e começar a entender. Por isso, acredito que essa campanha foi muito boa para os dois lados, tanto para quem está sofrendo, quanto para aqueles que podem ajudar outras pessoas”, afirmou o estudante.